V Newsletter PROFILES (Junho de 2014)

 

Caros leitores,

Após três anos de PROFILES – os membros do projeto reuniram-se, em outubro de 2013, no último encontro do consórcio em Baião, Portugal, para refletir sobre os marcos já alcançados, bem como outras medidas a tomar.

Neste boletim os parceiros do projeto de Portugal, Eslovénia, Chipre e Polónia dão uma visão sobre o desenvolvimento do autodomínio nos professores. Nós incluímos exemplos e experiências que abrangem métodos e experiências de parceiros.

Além disso, nós incluímos um exemplo do módulo PROFILES onde os parceiros de Bremen, Alemanha, perguntam “Como diagnosticar uma alergia ou doença?”

Finalmente este boletim dá uma visão geral de (futuras) conferências e reuniões.

A equipa PROFILES


Tópicos da presente newsletter

  1. O autodomínio nos professores dentro do PROFILES
    1. O que é o autodomínio PROFILES
    2. Desenvolvendo o autodomínio do PROFILES através de experiências de ensino e aprendizagem por professores portugueses

1. 1. O autodomínio nos professores dentro do PROFILES

1.1 O que é o autodomínio PROFILES

(por Avi Hofstein and Rachel Mamlok-Naaman – Weizmann Institute, Israel)

Um dos objetivos principais do PROFILES é o desenvolvimento de um “sentimento de posse” forte (chamado de auto-eficácia na Descrição do Trabalho do PROFILES) entre os professores que participaram nas várias iniciativas de DPC (Desenvolvimento Profissional Contínuo). A ideia é que os professores que passam a desenvolver um alto nível de autodomínio, no futuro (quando o projeto formal PROFILES terminar), possam tornar-se professores líderes, os quais vão continuar a desenvolver e implementar (para incluir o desenvolvimento profissional) ideias e pedagogia PROFILES. Há quatro capacidades básicas relevantes para serem líderes eficazes, a saber: (1) capacidades técnicas, (2) capacidades conceptuais, (3) capacidades interpessoais , e (4) competências de auto-aprendizagem. Supõe-se que o os programas PROFILES de DPC possam fornecer professores de ciências com oportunidades para desenvolver essas capacidades através de colegas com participação ativa no processo de desenvolvimento profissional. Claramente, os modelos de DPC, em que professores como promotores de currículo e investigação-ação podem proporcionar oportunidades para desenvolver a auto-eficácia , o autodomínio e, como resultado final, a liderança.

Quais são os indicadores para o desenvolvimento de uma sensação de autodomínio PROFILES?

Informações ou provas sobre o desenvolvimento no sentido do autodomínio (ou seja, a auto-eficácia) poderiam ser obtidos numa variedade de formas, por exemplo, através da observação dos professores participantes (durante o DPC); as suas auto-reflexões (por via oral ou com base em ensaios de reflexão), e por meio de entrevistas realizadas por parceiros ou prestadores de DP. O desenvolvimento de autodomínio pode-se estender para além do DPC e alguns indicadores podem ser:

  1. A vontade de envolver outros professores na sua escola, na implementação das ideias do projeto.
  2. A vontade de identificar ideias relevantes, com base no contexto de ensino ou seja, questões sócio-científicas (a ser desenvolvido) que têm características locais (por exemplo, um problema de foro ambiental).
  3. Ao fornecer evidências, capazes de se identificarem com a análise racional do projeto (desenvolvimento e implementação).
  4. Identificar-se, através da participação baseada em evidências, com a newsletter (publicada na net) .
  5. Envolvendo o diretor da escola na apreciação da filosofia do projeto (interação com as partes interessadas).
  6. Com base no feedback reconhecido pelos parceiros no envolvimento do PROFILES, dizendo aos seus alunos que o próprio estava envolvido no desenvolvimento ou adaptação do módulo, como parte de um projeto internacional.
  7. O compromisso de divulgar o projeto, ou módulo, a outros professores.
  8. A partir das evidências fornecidas, os professores fazem uma tentativa de trazer itens (artefatos) para o seu comportamento e prática de sala de aula, de acordo com uma abordagem PROFILES.
  9. Quando os professores percebem que o tópico ou assunto ensinado é relevante e proporciona uma aprendizagem significativa para o seu/a sua sala de aula (a natureza dos alunos ) relacionada com o projeto .
  10. Quando os professores decidem fazer mudanças, alternâncias, e alterações ao módulo original para refletirem melhor a filosofia de projeto e a sua abordagem.
  11. A sua aceitação pelo parceiro relevante, com base na sua autoeficácia na operacionalização das ideias do projeto e a sua disposição de servirem como líderes na 2ª ronda de um programa de DPC.

Com base na proposta inicial PROFILES e nos seus objetivos relacionados, presume-se que cerca de 5% a 10% dos professores, que estavam envolvidos no programa DPC, vão demonstrar um nível suficientemente elevado de autoeficácia de forma a apontar para o desenvolvimento de um autodomínio significativo, e assim, no futuro, vão atuar como professores líderes que apoiam novos professores, os quais são novatos no programa PROFILES. Além disso, nós também acreditamos que, após o término do projeto de PROFILES, em cada país, é necessário que existam alguns professores experientes (professores líderes que forneceram evidências de autodomínio do projeto) que podem manter a “chama acesa”. Por outras palavras, através do seu autodomínio no PROFILES, esses professores podem garantir que o PROFILES permanecerá uma ideia pedagógica, duradoura e sustentável.

1.2 Desenvolvendo o autodomínio do PROFILES através de experiências de ensino e aprendizagem por professores portugueses

(por João Paiva, Carla Morais, José Barros e Nuno Francisco – Faculdade de Ciências da Universidade do Porto)

Definição de autodomínio

Uma das mais difíceis definições educativas traduzidas para português é o “Ownership“. Alguns autores dizem que é liderança; outros associam-na com o autopositivismo; os documentos PROFILES referem-no como uma etapa por detrás da autoeficácia (PROFILES, 2010). Os parceiros PROFILES do instituto Weizmann definem “Ownership“ como: “uma sensação de pertença ao longo do projeto através dos professores participantes; um sentimento de que o projeto pertence-lhes e que não lhes é imposto.“ Nós também concordamos que “Ownership“ é um elemento-chave do PROFILES, o qual traz característivas únicas para o projeto, o qual será designado a partir daqui por autodomínio.

Caracterização do autodomínio

O desenvolvimento profissional contínuo de professores promove os princípios básicos da autoeficácia e, numa etapa seguinte, inicia o autodomínio desses professores. O autodomínio pode ser entendido como o envolvimento ativo na adaptação apropriada e desenvolvimento de materiais de ensino-aprendizagem, suporte significativo da filosofia e aboprdagem PROFILES. Isto envolve a aplicação de ideias pedagógicas variadas, juntamente com um forte papel do aluno contudo, o significado desta frase ultrapassa a simples implementação de materiais existentes. Professores com autodomínio PROFILES adicionam o seu cunho pessoal à produção desses materiais, baseando-se nas suas próprias experiências e em diferentes estratégias metodológicas, de acordo com as especificidades da turma de estudantes que estão a ser ensinados. (Hofstein & Even, 2001; Borko, 2004).
Além disso, as metas PROFILES não estão limitadas exclusivamente ao desenvolvimento profissional do professor. Outros objetivos PROFILES são:

  1. estabelecer um diálogo consciente e interação entre professores;
  2. desenvolver redes de trabalho de professores;
  3. alargar abordagens, reações e reflexões acerca de diferentes estratégias metodológicas.

Na primeira etapa, estas redes de professores foram vistas como locais, regionais e nacionais. Mas, ao longo do percurso, as redes Europeias estarão estabelecidas de forma a que professores de diferentes nacionalidades, podem partilhar, espalhar e fomentar as suas opiniões e perceções acerca do ensino em Ciência.

Evidências dos workshops de formação contínua sobre incrementos através de autodomínio

Nós desenvolvemos uma segunda edição de desenvolvimento profissional contínuo (DPC) PROFILES em Portugal, usando novos módulos muito interessantes, com uma metodologia/prática diferente da 1ª edição, com um foco principal no conhecimento/experiência compartilhada pelos professores líderes da primeira edição. Os colegas que trabalharam na aplicação de novos módulos estavam motivados e produziram novos materiais de ensino, abrangendo Educação em Ciência baseada em Inquérito, para alunos de ciclos diferentes.

Na 2ª edição de DPC várias apresentações das subsequentes etapas de desenvolvimento foram feitas pelos professores envolvidos. Os professores acharam que estas sessões eram muito úteis, pois traziam novas ideias através de contribuições feitas em grande grupo, que em alguns casos, eram soluções significativas para limitações específicas (como também foi o caso de fóruns de discussão síncronos e assíncronos). Houve interação real entre colegas, tentando encontrar soluções para as questões IBSE e SSI (sócio- científicas) e nos procedimentos de tomada de decisão no desenvolvimento dos módulos. Na sessão da DPC final, os professores apresentaram os pontos fortes e fracos deste trabalho de pesquisa, com base numa análise SWOT. Assim, desta forma, os professores do 2 º DPC determinaram e justificaram as modificações e adições para os módulos adaptados do primeiro programa de DPC, tendo em conta ainda o currículo e o contexto social português. Os professores tentaram enriquecer estes módulos com recursos digitais – simulações, vídeos, animações, jogos e WebQuests – juntamente com capacidades de manuseamento de ferramentas web 2.0 com um cariz educativo. Outro fator positivo foi aumento da motivação dos professores para cooperar com os líderes do programa DPC do 2 º ano e, ainda as tentativas de disseminação para os professores da mesma escola e outros colegas de diferentes escolas.

Desenvolver uma sensação de autodomínio através da promoção de atividades

As nossas experiências apontam para as seguintes provas do desenvolvimento de uma sensação de autodomínio entre os professores:

  • professores que decidem e que justificam as mudanças e adições aos módulos originais, tendo em conta os currículos e contexto social Português e tentando enriquecer estes módulos com recursos digitais – simulações, vídeos, animações , jogos e WebQuests – juntamente com capacidades de usar web 2.0 ferramentas em um sentido educativo.
  • professores estarem entusiasmados com a disseminação aos seus colegas e com os alunos que estavam envolvidos no projeto PROFILES.
  • disseminar as ideias de projetos e módulos para outros professores.
  • professores que tentam trazer materiais simples de casa para a sala de aula.
  • professores percebendo que o tema ou assunto ensinado era efetivamente uma aprendizagem relevante, interessante e significativa para os seus alunos.
  • disposição de professores em possuir a capacidade de produzir uma prova real de autodomínio.

Modelo de autodomínio português

Gráfico 1 – Modelo de autodomínio português

O modelo no Gráfico 1 mostra a interação entre quatro palavras-chave que eram o núcleo da formação de autodomínio PROFILES. Antes de tudo, os professores tiveram uma abordagem com mente aberta para um novo projeto, no qual eles têm uma participação ativa. Os professores revelaram empatia com os desafios propostos, dando sugestões e melhorias tanto para o seu grupo de trabalho como também para o resto dos colegas PROFILES. Alguns deles ganharam capacidade de investigação, mostrando motivação até mesmo para promover este projeto na sua escola e, em instituições de ensino próximas. Muitos outros colegas de diferentes escolas, de áreas de ciências e outras, perguntaram o que estava a provocar tal entusiasmo e expressaram a vontade de participar na próxima sessão de DPC . Os estudantes também pediram mais módulos e atividades IBSE, algo que nunca tinham tido antes – investigação e participação num projeto de universidade. Enquanto isso, alguns obstáculos inevitáveis apareceram e alguns professores perderam alguma motivação. O grupo de líderes foi muito importante porque trouxe confiança ao agregar conhecimento e experiência anteriores, a partir da 1ª formação DPC. Os líderes ajudaram a potencializar os projetos de desenvolvimento trazendo diferentes caminhos e mais “Notas de Professores“ nos módulos criados. Na última parte, devemos destacar o amplo trabalho compartilhado entre todos os graduados PROFILES e seus pares (em artigos incluídos na revista escolar) e na comunidade envolvente (em feiras locais e nos dias abertos de ciência). Esta rotação no sentido horário, como se pode ver neste modelo de autodomínio não parou na primeira fase, porque outras iniciativas foram criadas, como a adaptação dos módulos e outras aplicações que fizeram do IBSE uma ferramenta pedagógica útil que pode ser incluído em muitas outras disciplinas do currículo, ao longo do ano escolar.

Métodos para avaliar o autodomínio (através de artefatos colecionados):

  • Citações reflexivas de professores cujos estudantes, tiveram aprendizagem significativa, de acordo com a filosofia PROFILES.
  • Planos de aula de acordo com a abordagem PROFILES elaborados pelos professores para uma implementação relevante e significativa de módulos PROFILES.
  • Documentos feitos pelos alunos durante a implementação de módulos PROFILES, com comentários dos professores, mostrando aprendizagem relevante e significativa de acordo com a filosofia PROFILES.
  • Respostas ao questionário por parte dos alunos apontam para ganhos de motivação e aprendizagem significativa orientada em PROFILES.
  • Analisando fotos de atividades práticas, estas apontam para uma aprendizagem significativa através de IBSE e SSI, em linha com as intenções PROFILES.

Evidência (três citações), fornecendo depoimentos importantes que fundamentaram as sugestões anteriores de autodomínio do professor e, possivelmente, com propostas interessantes para o futuro:

  1. “A qualidade e a eficácia do processo de ensino e de educação é dependente do envolvimento dos professores e ainda sobre as capacidades que eles tentam desenvolver nos alunos para a consolidação real da aprendizagem.”
  2. “A importância do autodomínio desses módulos na aplicação da ciência da educação promove mudanças na prática de ensino das ciências.”
  3. “Propomos que um grupo de professores de ciências deve ser criado no Facebook para maior disseminação PROFILES. Nós também achamos que é possível criar equipas de desenvolvimento de material didático, constituídas por dois ou três professores de diferentes disciplinas. Estes materiais podem ser testados pelos colegas inseridos no mesmo grupo da área profissional. Devemos também trocar ideias com outros colegas de outras áreas científicas e utilizar o Google Drive para criar novos documentos de colaboração com ainda maior partilha.”

Conclusões e planos para o futuro

A análise de reflexões escritas e orais (em papel e em fóruns do Moodle) de professores em diferentes fases do programa de CPD, permitem-nos identificar características de auto-eficácia e os desenvolvimentos iniciais no sentido do autodomínio.

Uma melhoria sustentável e eficaz do processo de ensino, através da promoção de auto-eficácia pelos programas DPC e, os desenvolvimentos implementados no sentido do autodomínio do professor foram reforçados por interações colaborativas e procedimentos de autoavaliação, com foco em práticas reflexivas dos professores.

Referências

Borko, H. (2004). Professional Development and Teacher Learning: Mapping the Terrain. Educational Researcher, 33 (8), pp. 3–15.

Hofstein, A., Even, R. (2001). Developing chemistry and mathematics teacher-leaders in Israel. In C.R. Nesbit, J.D. Wallace, D.K. Pugalee, A. Courtny-Miller & W.J. DiBiase (Eds.), Developing teacher-leaders. Columbus, OH: ERIC Clearing House.

Holbrook, J. (2012). Continuous Professional Development (CPD) within PROFILES. PROFILES Newsletter, nº 2, 2012

Rannikmäe, M.; Teppo, M. &Holbrook, J. (2010). Popularity and Relevance of Science Education Literacy: Using a Context-based Approach. Science Education International, 21 (2), pp. 11

5-07-14 | escrito por josebarros | Newsletters | Deixar um Comentário

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